A escolha do livro didático é um momento colaborativo, que requer a participação ativa dos professores e gestores, mas como escolher um bom livro didático para a escola? Nosso Diretor de Educação, Jones Brandão, trouxe dicas valiosas para você. Confira!
Segundo semestre iniciado, então entra em ação uma série de tarefas para essa época que vão deixar os próximos meses muito agitados. Eu, particularmente, adoro esse período. Muita adrenalina, muitas decisões e movimentos, entre eles o pensar o ano seguinte.
Quem conhece bem o movimento de escola sabe que o segundo semestre é um olho no ano vigente e o outro no ano seguinte. Matrículas, novas propostas, negociações financeiras, contratações, festas, campanhas de divulgação da escola, lista de material, material didático e tantas outras coisas.
Aqui, quero focar nesse último ponto: material didático, mas especificamente, livro didático. Se sua escola trabalha com adoção de livros didáticos, então significa que é o momento para os professores apresentarem suas propostas de quais livros vão adotar para o ano seguinte ou se vão manter os atuais.
Há, também, as escolas que são conveniadas a sistemas de ensino. Nesse caso, não há o que alterar diretamente, mas vale saber se haverá alguma novidade vinda do sistema. Ou ainda, pode ser que a escola esteja em meio a tomada de decisão por um sistema de ensino. Para qualquer um dos cenários, vale continuar comigo nesse artigo.
Nesse ponto, o que gostaria de fazer era sentar ao seu lado, olhar no seu olho de gestor ou professor e dizer pausadamente: “nenhum material didático pode ditar o que você vai fazer com seus alunos em sala de aula. Não entregue esse poder à nenhuma editora ou sistema de ensino”.
Diria isso porque tenho uma convicção: o material didático é recurso, e nenhum recurso pode dizer para o curso o que ele tem que fazer.
O curso é o que cada escola constrói, fundamentado no seu projeto político pedagógico; e o recurso é um suporte, uma ferramenta para conduzir o curso. Deixar o recurso ditar para o curso o que deve ser feito é semelhante ao rabo balançar o cachorro. Já viu um desses por aí?
Agora que já alinhamos o conceito estruturante, vamos para algumas considerações que podem ser úteis na escolha de um material didático. Ah! quase esqueci de algo fundamental: ensinem para os pais sobre esse conceito estruturante.
Sim, ensinem. A escola precisa ser escola para os pais também. Assim, eles serão seus parceiros no que você está construindo. É incoerente esperar parceria e apoio dos pais se você não explica o por quê e o como.
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1 – Apresentação estética: os conteúdos são apresentados somente em textos ou também em ilustrações? É importante o uso de diversas linguagens, não apenas a escrita, para apresentar e ensinar os assuntos diversos. Isso tende a engajar e atrair mais os alunos. O uso de imagens, infográficos, mapas conceituais, passo a passo, etc. fortalecem o processo de aprendizagem;
2 – Consistência teórica: os conceitos apresentados tem bases em outras literaturas e autores? Isso fica evidente quando é ofertado uma bibliografia usada na pesquisa e aprofundamento dos temas. Isso costuma ficar mais evidente nos livros de professores;
3 – Vínculo com objetos digitais: Existe a versão digital do livro? Uma forma de acesso a uma plataforma que permita ao aluno observar e interagir com animações, vídeos, simulações, games, etc.
Esses objetos digitais ampliam as formas de aprendizagem e tornam o conteúdo mais próximo, prático e materializam conteúdos de forma a permitir o desenvolvimento de novas competências, incluindo as competências digitais;
4 – Exercícios com diferentes dificuldades e formatos: é importante que o aluno seja submetido a resoluções de exercícios como forma de fixar o conhecimento trabalhado, mas essa atividade fica mais rica tanto quanto for a riqueza da diversidade desses exercícios.
Que não sejam apenas focado em perguntas retóricas e repetitivas, mas que coloquem os alunos em situações problemas, os façam trabalhar em equipe e desenvolvam raciocínio crítico;
5 – Links para canais externos: sugestões de leituras de outros livros, pesquisas, sites e portais. Acesso de vídeos, aplicativos ou soluções digitais. Isso amplia o conhecimento e permite o aluno descobrir e explorar esse mesmo assunto por outros canais e diferentes pontos de vista;
6 – Orientações para o professor: é muito relevante que o professor conheça as intencionalidades do autor (ou dos autores), por isso o livro deve conter embasamento teórico de como o autor percebe o ensino da disciplina para o ano ou etapa em questão. Assim, como são necessárias orientações específicas de como foi pensada cada seção e organização geral do livro;
7 – Design instrucional: ícones, seções, colunas, tópicos que são padrões ao longo de todo o livro, permitindo que alunos e professores façam alguns movimentos nas aulas e não fiquem bitolados no texto ou na teoria. Esses itens despertam curiosidade e são convidativos para uma boa exploração.
1) Adotar livros apenas de autores consagrados: isso pode revelar uma certa insegurança do professor. Existem autores maravilhosos que não são famosos como os da década de 80 ou 90 e não ganham espaço em virtude dessa tendência bitolada de trabalhar com os mesmo livros de sempre;
2) Limitar-se ao conteúdo do livro: professores precisam ser portadores de uma mensagem libertadora: as páginas dos livros não contém todo o conteúdo sobre o tema estudado. Então, apresentem e usem o livro como uma fonte entre várias outras que devem ser consultadas também;
3) Livros com maior quantidade de exercícios: alguns acreditam que esses são os melhores. Se eles apresentam uma grande diversidade de exercícios que mobilizem os alunos no desenvolvimento de diferentes habilidades, então sim, são os melhores. Agora, se a maior quantidade não passa de mais do mesmo, não veja vantagem nisso.
Talvez você acrescente mais algum item à essas duas listas, o que acho ótimo, pois esse texto está vivo e aberto para suas considerações e acréscimos. Não há lista fechada ou certeza absoluta. Por isso, recomendo que processos de adoção de livros didáticos ou de escolha de um sistema de ensino sejam uma ação coletiva, com a participação da comunidade escolar.
Para que o processo não fique refém de votos ou argumentações sem fim na coletividade, elenque 10 critérios (no máximo, pode até ser menos), que precisam estar presentes no material.
Faça isso antes de iniciar o processo. A análise de cada material precisa registrar se o mesmo respeita ou não cada um dos critérios. Assim, os próprios critérios evidenciarão o melhor material para a sua escola e para o seu projeto de educação.
Jones Brandão
Diretor de Educação Agenda Edu
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