Adolescentes e emoções: o papel da escola na escuta e apoio ativos Leitura de 8 minutos

Família na escola Práticas pedagógicas 27 de setembro de 2023

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Adolescentes e emoções: o papel da escola na escuta e apoio ativos Leitura de 8 minutos

No mês de setembro é celebrado o Dia dos Adolescentes (21 de setembro) e, em meio às comemorações, é importante que famílias e escolas estejam atentas a questões que impactam na jornada de aprendizagem e desenvolvimento dos jovens, como a gestão das emoções e às possíveis fragilidades emocionais que esses indivíduos possam vivenciar.


É importante as equipes escolares refletirem sobre o papel da escola no apoio e na evolução dos adolescentes.


Bem como estabelecer caminhos para trazer para o ambiente escolar atividades e informações que promovam o autoconhecimento entre os jovens.


Nesse artigo vamos apresentar um panorama que permita refletir sobre a promoção da inteligência e gestão emocional na escola, visando o bem-estar e o desenvolvimento dos adolescentes. 


Os adolescentes e as emoções: o que esperar dessa fase da vida?


A fase da adolescência é marcada por rupturas e transformações profundas, conforme destacado por Hellen Roehrs, em seu artigo “A adolescência na percepção de professores do ensino fundamental”.


Para a autora, junto com as mudanças físicas e emocionais, a fase também é impactada por questões sociais, econômicas e políticas que podem, sim, fragilizar a existência dos adolescentes.


O resultado muitas vezes é uma montanha russa de emoções e reações que esses jovens passam todos os dias.


Isso acontece pois eles ainda não possuem a habilidade totalmente desenvolvida de distinguir uma emoção da outra, conforme estudo realizado por pesquisadores de Harvard e da Universidade de Washington.


Por isso existe uma necessidade real que famílias e escola – os dois ambientes onde esses jovens passam mais do seu tempo – abraçarem a escuta ativa e empática, com o objetivo de acompanhar e empoderar os adolescentes, preparando-os para lidar com as emoções e mudanças da fase, sem recorrer à violência. 


Para o idealizador e CEO do Laboratório de Inteligência de Vida (LIV), Caio Lo Bianco, o cerne da questão da crise na adolescência atual é que os adultos geralmente não estão dispostos a aprender sobre a adolescência junto com o adolescente. 


“Pensar que mais que entender sobre esse adolescente, porque a gente não entende tanto sobre esse adolescente, e justamente por essa adolescência está em constante transformação, o que a gente tem que criar é o entendimento de aprendermos com o adolescente, junto com o adolescente. Porque não necessariamente a gente tem todas as respostas em relação a eles, ou todas as respostas para dar a eles”, destaca. 


💡 Confira o bônus Circuito Jornada Edu sobre saúde mental e adolescência com Caio Lo Bianco


A observação como ferramenta para identificar sinais de sofrimento


O primeiro passo para acolher bem os adolescentes na escola é compreendê-los como indivíduos completos, com suas necessidades e singularidades.


O passo seguinte é a observação ativa desses adolescentes, seja em casa ou na escola, com o objetivo de identificar possíveis sinais de sofrimento emocional. 


Quando algo não vai bem com um jovem, geralmente ele apresenta um ou mais dos sinais abaixo. Lembrando que é a intensidade, duração e prejuízo causados por esses comportamentos que devem ditar a busca por orientação médica e apoio psicológico.  


❗ Isolamento

❗Queda no rendimento escolar

❗Problemas com o sono 

❗Mudanças nos padrões de alimentação

❗Agitação ou letargia

❗Medos excessivos 

❗Queixas físicas 

❗Aparente regressão no desenvolvimento


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O papel da escola na escuta e acolhida ativas dos adolescentes


Mas além de observar e relatar comportamentos às famílias, quais são as atitudes que a escola deve ter para tornar-se um ambiente seguro para os adolescentes? 


1.Ser um espaços de escuta e apoio


    Em um contexto pós-pandêmico, onde o número de indivíduos vivendo quadros de ansiedade social, depressão, entre outras doenças psicológicas, é crescente, a escola deve pensar não apenas em recomposição de aprendizagens, mas também de recomposição emocional. 


    A escola como espaço de escuta e apoio ativos significa criar espaços de escuta e apoio, como grupos de apoio e pontos de aconselhamento dentro da escola, onde os alunos podem compartilhar suas experiências, preocupações e demandas sem julgamentos. 


    2. Ter uma cultura empática 


    Também é importante que a escola promova uma cultura que reconheça a empatia e estimule o respeito e a inclusão, seja entre a equipe escolar, seja entre os alunos.


    Além disso, é importante que a gestão escolar esteja atenta para evitar que a escola se transforme em um ambiente de pressão e competitividade. 


    O resultado de tal esforço é a diminuição de casos de violência, como o bullying, e o estímulo ao esforço coletivo, combatendo o isolamento.


    3. Conscientizar a equipe escolar 


    A equipe escolar tem papel fundamental na identificação de comportamentos destoantes ou casos de violência entre alunos. Por isso, preparar professores e funcionários escolares sobre saúde mental e caminhos para oferecer apoio adequado para os alunos é imprescindível. 


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    Atividades para desenvolver a gestão das emoções


    A escola também tem o papel importantíssimo de incluir em seus horários atividades que ajudem a desenvolver a inteligência emocional dos alunos, bem como promover a convivência com os pares e a gestão saudável de conflitos.


    Nesse sentido, trouxemos algumas atividades que podem ser desenvolvidas com adolescentes visando abordar todos os pontos ditos anteriormente:


    • Roda de convivência

    Esse tipo de atividade permite que, em sala de aula, sejam levantados temas de discussão livre entre os alunos.


    O objetivo é que os alunos escolham a temática semanalmente e participem de uma roda de trocas guiadas pelo professor.


    O debate deve seguir três passos: o primeiro é o desenvolvimento do problema, onde a temática é apresentada aos alunos e pede-se que eles apontem suas primeiras impressões.


    A segunda etapa é a apresentação do sentido sobre aquela questão pelos alunos. E o terceiro momento é o debate de possíveis soluções ou saídas para ela. 


    Uma roda de convivência bem guiada convida os alunos a confiarem uns nos outros quanto ao espaço de fala, bem como ensina temas importantes, como: diferenças de opinião, escuta ativa e empática e respeito à individualidade dos colegas. 


    • Projeto de vida

    O projeto de vida está previsto no novo ensino médio e tem como objetivo convidar os alunos a pensarem em suas vidas e carreiras em diferentes etapas do futuro. 


    Nessa atividade, professores e equipes escolares podem convidar os jovens a escrever, gravar ou registrar em voz, quais são seus objetivos e metas em curto, médio e longo prazos.


    Essa atividade empodera os adolescentes sobre seus objetivos e os passos para alcançá-los, bem como traz uma visão positiva sobre o futuro


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    • Diário de sentimentos

    Convidar os alunos a manterem um diário de sentimentos é uma excelente forma de ensiná-los sobre reconhecimentos de emoções e frustrações, bem como a forma de organizar os pensamentos e encontrar saídas para possíveis problemas enfrentados. 


    Professores e equipe escolar podem, semanalmente, trazer temáticas específicas para as turmas, seja em forma de textos, filmes, músicas, poemas, ou outros meios. E estimular que os estudantes escrevam seus sentimentos e impressões sobre os temas. 


    Depois disso, é importante que haja uma devolutiva para os alunos (individuais) sobre seus registros, ajudando-os a reconhecer sentimentos, padrões e saídas. 


    • Jornal estudantil 

    Uma outra ótima forma de estimular o convívio respeitoso e empático entre alunos e, também, estimular o debate e reflexão sobre temas sensíveis é o jornal estudantil. 


    Nessa atividade, o professor pode dividir funções de um jornal entre a turma,  levando em conta as habilidades individuais de cada um. Estimulando os jovens a trabalharem em conjunto para entregar as produções em tempo hábil. 


    Além das habilidades socioemocionais que os estudantes podem desenvolver ao longo do projeto, também é possível desenvolver soft skills importantes para o mercado de trabalho atual. 


    Refletindo profundamente sobre a saúde mental na adolescência 


    É comum famílias e equipes escolares se questionarem, diante de situações sérias como bullying e violência nas escolas, onde estamos errando com os nossos jovens? Mas por se tratar de uma questão complexa, não há uma resposta única para esse questionamento.


    Alinhado com as demandas mais recentes de escolas e gestão escolar, o Circuito Jornada Edu trouxe um bônus exclusivo para os seus inscritos justamente sobre saúde mental na adolescência.


    Convidamos o idealizador e CEO do Laboratório de Inteligência de Vida (LIV), Caio Lo Bianco, para um bate papo abordando pontos como: existe apenas uma adolescência?


    Os desafios da adolescência atual; Como a escola pode lidar com o excesso de diagnósticos; A escuta como poderosa arma para enfrentar a crise na adolescência; A percepção do adolescente como sujeito na escola e na família e muito mais!


    “Boa parte do que estamos vivendo hoje é uma falta de uma autoridade para esse jovem, de alguém que diga alguma coisa para esse jovem! Mas uma coisa é eu ser uma autoridade para esse jovem, eu estabelecer regras, outra coisa é eu insistir no fato que eu tenho todas as respostas, que eu tenho certeza que essas regras vão se manter para o resto da vida, de eu não me colocar numa posição de erro, de vulnerabilidade. Às vezes o que o jovem precisa é de uma autoridade dividida, uma autoridade erra, que às vezes não sabe, que vai descobrir junto com o jovem o que é melhor junto com ele”, destaca Caio.


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