Nosso Head de Educação, Jones Brandão, compartilha suas experiências vividas no dia a dia escolar sobre quebrar paradigmas para ajudar a transformar a educação. Confira!
E se o desafio do dia fosse: promover uma revolução na educação?
A maior parte dos nossos mecanismos mentais ao ouvir tal desafio parte para planejar o uso de novos recursos, ferramentas e nomenclaturas. Entorpecidos pelo desejo de viver algo novo (e legitimamente cheios do que temos hoje) corremos o risco de trocar a embalagem e manter o mesmo conteúdo “de sempre”.
Buscamos o novo, acreditamos no novo, falamos do novo, nos empolgamos com o novo, “vendemos” o novo, mas quando chega o momento de fazer o novo, algo parece nos impelir para o “de sempre”. E algo dentro de nós nos coloca contra a parede: “como assim? O que está me impedindo? Eu quero esse novo, critiquei o velho por tanto tempo, e agora que tudo parece contribuir, por que não estou conseguindo?”
O cenário é fácil de ser percebido no abismo que existe entre a formação acadêmica de profissionais da educação e a prática pedagógica. Poderia citar outras áreas de atuação, mas vou ficar na educação.
Durante a formação inicial de pedagogos e mesmo licenciados em alguma disciplina específica, existe muito debate sobre a situação da educação no Brasil, sobre as práticas em sala de aula, sobre os projetos pedagógicos das escolas, etc.
São debates acalorados e preocupados com o futuro e as próximas gerações. Ao acompanhar um desses debates, e até movimentos internos das faculdades, acreditamos que essas pessoas vão transformar a educação, ou pelo menos suas salas de aula. Aí chega a realidade, a rotina, os planejamentos, as aulas, as turmas, as cobranças… e parece que tudo se mantém padronizado.
Por que será que assim acontece? O que aconteceu com os legítimos ideais e propósitos?
A mudança de paradigma em uma escola pode ser desafiadora, pois as estruturas postas estão enraizadas de tal forma que se tornam indiferentes aos movimentos sociais que são diferentes de uma geração para outra. “Porque sempre fizemos assim” não tem força para endossar a ausência de mudanças e adaptações.
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Mas isso não pode ser esbarrada na força dos processos e estruturas, mas autorizada pela força do novo existente nas diferentes perfis que habitam a comunidade escolar.
Aliás, já pensou que dentro da escola coexistem diferentes gerações? Diferentes gerações de pais, alunos, professores e gestores? Mas muitas escolas insistem em falar e fazer do mesmo “jeito de sempre” para todos e com todos. Não é mais sustentável.
Mudar não é apenas fazer algo novo, assim como inovar não é apenas inventar algo que até então não existia. As maiores dificuldades (ou pelo menos a gênese delas) de mudar e inovar não estão no fazer, mas no pensar. Nossas estruturas mentais estão viciadas em um “modus operandi” que não nos permite pensar fora da caixa, ou seja, do já concebido.
A “caixa” abriga o ciclo que se repete sem parar, e mudar ou interromper esse ciclo leva tempo. Parece que a falta de tempo atrofiou nossa capacidade de descobrir o novo. Deve ser por isso (para não “perder” tempo) que muitos ainda buscam o manual das coisas, rejeitando a intuitividade.
O apego aos manuais é uma síndrome (a que chamo de síndrome do jeito único). Essa síndrome evidencia o quanto nossas estruturas mentais estão paradas e travadas. Paradas na espera de que alguém diga como as coisas devem funcionar, e travadas para aceitar algo novo sem estar tudo pronto, ou seja, travadas para a concepção de algo novo.
Quero chamar atenção para o paradigma da substituição do “velho” pelo “novo”. Sempre que algo novo se apresenta, parece que ele “tem que” substituir o velho. O velho não precisa, necessariamente, ser descartado diante do novo.
Em muitos casos podem coexistir, como a lousa de pincel e a digital ou o espelhamento do ipad via apple TV. O novo não surgiu do nada, mas a partir do uso e das experiências do velho, e por isso, precisa dar o devido reconhecimento ao que hoje existe e, sem melindre, passar a existir.
Se o desafio é transformar a educação, então precisamos submeter nossas estruturas mentais ao contágio do pensar diferente, fora do previsível. Para isso sugiro exercícios individuais e coletivos, incluindo toda comunidade escolar, que permitam tocar e sentir novas experiências.
Se você topa exercitar o desenvolvimento de novas estruturas mentais, coloque-se em lugar de contágios, como ir a uma exposição, comer em um bom restaurante, fazer uma viagem para um lugar diferente do que você costuma ir, ler um livro com tema distante da sua área de atuação, conversar com pessoas de outras culturas, ouvir músicas, quebrar a rotina de forma inusitada, pegar um caminho diferente para o trabalho.
Que tal? Mas e na escola? Quero exemplificar, citando duas experiências vividas em uma escola que tive o privilégio de ser diretor.
Toda sexta-feira era o “day valor”, onde todos (alunos e equipe) vivenciavam um dos 4 valores (alegria, cidadania, curiosidade e inovação) que tínhamos em destaque. Em um “day valor” inovação, colocamos as mesas do refeitório no pátio no tempo do lanche.
Os alunos e professores se assustaram com a ideia, mas logo acharam o máximo. Uma experiência nova no meio da velha rotina causa um “terremoto” nas estruturas mentais.
Se queremos algo novo na escola, os gestores precisam personificar esse algo. Acredito que os gestores devem deixar de funcionar apenas dentro de sua função. Eles precisam pensar, sonhar e fazer a Escola como um todo.
Acredito em uma equipe multifuncional com estruturas mentais sem vícios. Para estimulá-la, presenteie cada gestor com o livro “destrua esse diário”. Pesquise e considere fazer o mesmo com sua equipe. Precisamos vivenciar experiências inusitadas em meio às nossas tarefas cotidianas.
Uma revolução não se faz com uma assinatura, uma ordem, um novo contrato ou agenda cheia, apenas. Uma revolução, de verdade, começa na mente. Cause um terremoto na estrutura da sua mente e nas mentes que estão juntas com você.
Arrisque-se! Não tenha medo de fracassar. Você foi feito para algo mais do que apenas evitar o fracasso. O mais bonito da jornada não é se acertamos ou se chegamos ao final, mas o caminho. Sendo assim, experimente novas formas de percorrer e experienciar o caminho.
Com carinho,
Jones Brandão
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