Práticas pedagógicas

Itinerários formativos e Novo Ensino Médio: como implementar?

Danielle Gonzaga
Pedagoga e assessora de Implantação da Agenda Edu



Se você é professor, gestor ou trabalha em uma escola, com certeza já está ouvindo falar de itinerários formativos, mas você realmente sabe o que é isso? É consenso que o cenário educacional, mais do que nunca, está em constantes transformações e adaptações, e estamos aqui para te auxiliar no acompanhamento dessas tendências e marcos. Hoje nossa conversa será focada no Novo Ensino Médio e seus itinerários formativos.


Quando tudo começou? Acompanha aqui ?‍♀️


Em fevereiro de 2017 a Lei nº 13.415 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma mudança na estrutura do Ensino Médio. O documento ampliou a carga horária de 800 horas para 1.000 horas anuais (até 2022) e trouxe impactos em sua estrutura, que agora deve contemplar as orientações da Base Nacional Comum Curricular.


BNCC: como está a implementação e últimas notícias


Além disso, a lei garante a oferta de diferentes itinerários formativos, fazendo com que o aluno consiga optar por quais áreas de conhecimento e/ou formação técnica e profissional prefere trazer mais foco. Isso vai ser contemplado de uma forma mais ampla no Projeto de Vida. 


Segundo o portal do Ministério da Educação:


A mudança tem como objetivos garantir a oferta de educação de qualidade a todos os jovens brasileiros e aproximar as escolas à realidade dos estudantes, considerando as novas demandas e a complexidade do mundo do trabalho e da vida em sociedade.


A implementação do Novo Ensino Médio será iniciada no ano que vem de forma progressiva com as 1ª séries do Ensino Médio. Em 2023 com as 1ª e 2ª séries e completando o ciclo de implementação nas três séries do ensino médio em 2024, então que tal compreender um pouco mais sobre a implementação dos itinerários formativos?


Compreendendo e implementando os itinerários formativos


Dentro da nova carga horária definida para o Ensino Médio, os itinerários formativos representam uma escolha do aluno para aprofundamento nas áreas de conhecimento. As áreas são escolhidas de acordo com a sua identificação e interesse, proporcionando habilidades e conhecimentos que podem impulsionar suas escolhas profissionais.


Mas o que são os itinerários formativos?


Segundo o portal do MEC: 


Os itinerários formativos são o conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que os estudantes poderão escolher no ensino médio. As redes de ensino terão autonomia para definir quais os itinerários formativos que irão ofertar, considerando um processo que envolva a participação de toda a comunidade escolar.

A escola possui autonomia para definir que itinerários serão ofertados, considerando as demandas e especificidades da comunidade local e torna-se responsável por criar situações de aprendizagem mais colaborativas e que articulem diferentes áreas do conhecimento, como: laboratórios, observatórios, núcleo de criação artística, dentre outros. 


É relevante destacar também que, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), a partir das áreas do conhecimento e da formação técnica e profissional, os itinerários formativos devem ser organizados, considerando:


  • a área de Linguagens e suas Tecnologias;
  • a área de Matemática e suas Tecnologias;
  • a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
  • a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
  • a Formação Técnica e Profissional.

Ainda de acordo com o documento mencionado acima, os itinerários formativos, voltados ao aprofundamento e expansão das competências desenvolvidas nas áreas de conhecimento listadas, devem estar pautados a um ou mais eixos estruturantes:


Investigação científica: busca fortalecer a construção do pensamento científico para uma leitura mais crítica de situações cotidianas e incentivar  a produção de conhecimento para um desenvolvimento local e melhoria da qualidade de vida da comunidade.


Processos criativos: supõe a utilização do conhecimento científico para a construção de soluções inovadoras que contribuam para a resolução de problemas da comunidade local.


Mediação e intervenção sociocultural: apresenta como princípio básico a mobilização de saberes de uma ou mais áreas de conhecimento para a mediação de conflitos e resolução de problemas. 


Empreendedorismo: supõe o desenvolvimento de saberes relacionados ao mundo do trabalho e projeto de vida. 
Saiba mais sobre como trabalhar o empreendedorismo na sala de aula


Pensando nisso, separamos algumas dicas que precisam ser levadas em consideração na implementação deste novo modelo. Vamos lá? 


Dê foco ao Projeto de Vida


Uma das propostas do Novo Ensino Médio é trazer um maior poder de escolha para o aluno. Nesse modelo, 60% do currículo dos três anos de formação é determinado pela Base Nacional Comum Curricular e os 40% compõem a forma flexível da proposta e contemplam as disciplinas eletivas, ou seja, que poderão ser escolhidas pelo aluno.


Por isso não esqueça de oferecer todo suporte e orientação necessária para os discentes, disponibilizando professores que possam ajudar nessa escolha, instigando o aluno a identificar quais são seus objetivos, campos de interesses e conhecimentos prévios.  


Também é importante formular seu currículo buscando o desenvolvimento da inteligência emocional e das habilidades socioemocionais, na perspectiva do “Projeto de Vida” assegurado pelo MEC, e de divulgar para o corpo discente a nova estrutura do segmento e os objetivos de sua implementação. 


Uma dica extra que faz toda a diferença é ter um canal para receber feedbacks e conversar de forma mais rápida com alunos e famílias.


Projeto de vida e Novo Ensino Médio, qual é a relação?


Mantenha a equipe bem alinhada sobre as mudanças


A equipe da escola não apenas precisa estar ciente sobre a implementação do Novo Ensino Médio, mas participar ativamente de seu processo de construção. 


Desde o replanejamento financeiro ocasionado pelo aumento da carga horária de aula , e, consequentemente, maiores custos com remuneração dos profissionais e maior investimento de recursos, até a escolha dos itinerários implementados deve ser uma construção coletiva


Portanto, é essencial criar um canal fixo e de fácil acesso para dar respostas às dúvidas, sugestões e comentários levantados pela equipe escolar.


Além disso, outra dica é abrir um canal para compartilhamento de notícias seguras, documentos oficiais e dicas para formação complementar. Assim é possível manter um grupo de trabalho bem alinhado sobre os principais acontecimentos. 


Não esqueça de passar a bola para as famílias


O Ensino Médio é uma fase bastante desafiadora e de grandes mudanças na vida de qualquer jovem, por isso o suporte pedagógico não é o suficiente para acolher e contemplar todas as dúvidas e necessidades desse público. É necessário ter a presença familiar nessa jornada. 


Portanto, não deixe de conversar com as famílias e esclarecer todas as suas possíveis dúvidas, divulgando como funcionará a rotina do aluno e como elas podem contribuir nesse processo de decisão. 


Avalie e valorize os conhecimentos prévios do corpo docente


Lembra que conversamos sobre a necessidade de disponibilizar professores para estimular uma postura reflexiva do aluno acerca de suas escolhas? Entender que profissionais possuem esse perfil é fundamental! 


Além disso, é necessário oferecer formação continuada para todo o time. Mais do que nunca, para além do conteúdo é necessário desenvolver saberes que habilitem o professor(a) a acolher e orientar todos os estudantes. 


E você, educador? Que dicas gostaria de compartilhar para auxiliar nesse novo ciclo? Deixa aqui nos comentários. 


Referências:

Base Nacional Comum Curricular

Blog Eleva 

Blog Sistema FB

Portal MEC

Porvir


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