O que nos leva à procura de um médico? Na maioria dos casos é porque temos alguns sintomas e precisamos de um diagnóstico, bem como saber o que fazer e o remédio certo para atacar os sintomas e seguirmos bem a jornada. O que o médico faz ao nos examinar ou mesmo pedir exames é uma avaliação diagnóstica.
A avaliação diagnóstica visa evidenciar a realidade para que um tratamento seja estabelecido. Não seria nada interessante sair do consultório apenas com o diagnóstico sem a indicação de um tratamento adequado. Assim, como não é nada interessante terminar um ano letivo apenas com indicações (em formato de notas de 0 a 10) sobre a aprendizagem dos alunos em sala de aula.
Por isso, precisamos falar de avaliação da aprendizagem para além de uma prova, mas de avaliação como um recurso integrante de um planejamento macro para a jornada educacional do aluno.
No exemplo acima, o paciente é o aluno e o médico é o professor. Assim como o médico, o professor tem à disposição dele alguns recursos para diagnosticar seus alunos. Isso deve ser feito no início do ano letivo ou no início de cada etapa. Aqui temos um tipo de avaliação conhecida como “avaliação diagnóstica”.
Saber onde o aluno está (verificar os sintomas) é vital para a indicação de uma trilha de processos de ensino e aprendizagem adequada e, que de fato, ajude o aluno na sua jornada educacional, mas infelizmente, o que ocorre na maioria dos casos é que os sintomas de um mal desempenho não são investigados, interpretados ou mesmo tratados.
Esse é o padrão de uma educação feita no atacado, onde, em nome do coletivo, as individualidades não são respeitadas. Educação eficaz não se faz no atacado, mas no varejo, pois cada aluno tem suas características com desempenhos diferentes contendo aceleradores para algumas áreas e limitadores em outras.
Muito se fala e se discute sobre um modelo de educação com foco na aprendizagem e não na “ensinagem”. A mudança de foco, deve (ou deveria) modificar planejamentos, recursos, atividades, ambientes e o modelo de avaliação. Se o foco está na aprendizagem, a avaliação não é sobre o que foi transmitido de conhecimento, mas sobre o que o aluno foi capaz de aprender e mobilizar a partir do que aprendeu.
Porém, isso requer novos conhecimentos e habilidades para professores que durante tanto tempo estiveram a serviço da transmissão de conteúdos. À estas novas habilidades inclui-se o uso de ferramentas tecnológicas de gerenciamento da aprendizagem, tais como plataformas que forneçam indicadores de desempenho a partir da participação em atividades, provas e games.
Leia também: Quais são as ferramentas digitais ideais para usar em sala de aula?
É possível observar que existem três tipos de avaliação diagnóstica, cada um com o seu objetivo.
Assim, é possível rever a ação educativa para sanar os problemas.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em 1996, determina que a avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos. Da mesma forma, os resultados obtidos pelos estudantes ao longo do ano escolar devem ser mais valorizados que a nota da prova final. Isso nos leva a falar sobre um segundo tipo de avaliação.
Avaliação formativa é como o professor avalia o desempenho dos alunos em sala de aula. Uma vez identificadas as necessidades dos alunos, o planejamento deve ser repensado à luz do diagnóstico realizado.
Até porque um diagnóstico que não influencia o plano de curso, de nada terá valido. Os resultados indicam se o plano, elaborado a partir do diagnóstico, está contribuindo para o bom desempenho.
Na avaliação formativa é importante o uso de variados tipos de avaliações e novas práticas pedagógicas. A prova clássica precisa está presente, mas não pode ser o único método avaliativo, pois para dá conta da diversidade de alunos presentes na turma, é preciso o uso de diferentes instrumentos, tais como: trabalho de equipe, escrita, apresentações orais, mão na massa, resolução de situações problemas, criação de protótipos, jogos, auto-avaliação e outros.
Um aspecto sobre a avaliação formativa que vale destaque é a auto-avaliação. Além de ser mais um instrumento para melhorar o trabalho docente, a auto-avaliação é uma maneira de promover a autonomia de crianças e dos adolescentes. Para que isso realmente aconteça, o processo necessita ser democrático.
“O aluno deve dizer sem medo de ser punido o que sabe e o que não sabe. Se ele percebe que não há punição nem exclusão, mas um processo de melhoria, vai pedir para se avaliar”, garante Janssen Felipe da Silva.
Outro aspecto que precisa ser destacado no processo formativo é que o erro, presente em vários momentos do processo, deve ser tratado como algo natural e necessário. O erro é também formativo e não pode ser eliminado a todo custo como se fosse uma doença contagiosa.
O padrão educacional é dominado pela valorização da “cultura do acerto”, onde a resposta certa deve ser a entrega perene do aluno ao professor. Isso massacra as possibilidades de desenvolvimento criativo dos alunos, pois os treina à uma busca (e repetição) frenética pela resposta certa.
Isso os faz absorver, como verdade absoluta, que para cada pergunta existe apenas uma resposta que deve ser dada em qualquer contexto. Nos dias de hoje, professor e aluno compartilham conhecimentos, fazendo com que ambos aprendam juntos.
A avaliação somativa é a classificação dos alunos a partir dos resultados da sua aprendizagem. O objetivo é fazer um balanço somatório dos estudantes de acordo com os níveis de aproveitamento previamente estabelecidos no plano de curso norteado pelo currículo e projeto político pedagógico da escola.
Esse tipo de avaliação só faz sentido quando conjugada e integrada com as outras duas (diagnóstica e formativa), pois ela representa o final de um processo. O uso de métodos avaliativos com exclusivo objetivo de classificar os alunos (abaixo da média, na média ou acima da média) produz uma visão míope do real desenvolvimento dos mesmos, encobrindo lacunas que mais tarde irão atrapalhar a jornada dos alunos.
Assim, como podem encobrir expertises que poderiam acelerar o desenvolvimento desses alunos.
Precisamos falar dessa cultura da média como meta. Durante todo o processo da educação básica, os alunos têm a média como referência de sucesso. Com isso, o que estamos formando de maneira inconsciente? Que a mediocridade vale o esforço e garante o sucesso. Se faz necessário atribuir ao aluno um meta mais ampla, para que seu esforço seja também amplo e abrangente.
O professor, como gestor do processo de aprendizagem, deve estar atento aos indicadores produzidos pelas avaliações e desenvolver inteligência coletiva para analisar e interpretar tais indicadores com o objetivo de apresentar trilhas de aprendizagens eficientes para seus alunos e não apenas atribuir uma nota para classificar os alunos entre bons e maus.
Todos os alunos são bons. Sendo assim, precisamos, através de um bom diagnóstico e ação formativa, os ajudar para descobrir no que são bons, assim estarão curados dos limitadores que os impedem de brilharem.
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Cada aluno é único, tem seu próprio tempo, sua maneira de compreensão, olhar para o aluno como ser único em desenvolvimento e direcioná-los. Fazê-lo acreditar no seu potencial e capacidade.
É isso mesmo, Adriana! Cada vez mais devemos colocar o aluno como protagonista do processo de aprendizagem. O papel do professor é orientar e ajudar nessas novas descobertas. Obrigada pelo seu comentário e continue acompanhando nosso blog! ?
A avaliação diagnostica só pode ser aplicada em grupo? Ou posso fazer isso individualmente?
Olá! Você pode separa os alunos em grupos de acordo com graus de dificuldade, interesses ou potencialidades. Assim, você pode fazer uma avaliação diagnóstica de habilidades, por exemplo. ?
A avaliação diagnóstica depende de como cada professor trabalha. É um trabalho muito peculiar. Eu trabalho no início do ano com a turma inteira antes de iniciar os conteúdos de cada série, para que todos os alunos tenha a possibilidade, ou as condições de compreender em que momento histórico iniciaremos nossos trabalho.
A avaliação diagnóstica coloca em evidência os aspectos fortes e fracos de cada aluno, sendo capaz de precisar o ponto adequado de entrada em uma seqüência da aprendizagem, o que permite a partir daí determinar o modo de ensino mais adequado, porém cada aluno é único e cada um tem seu tempo. Eu tenho algumas lembranças de alunos que não conseguiam avançar, nesse momento temos que conhecer o aluno e usar do bom senso para que o mesmo tenha confiança em si, isso faz com que ele se solte e perceba o quanto é capaz.
Ótimas reflexões, Emilia!
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Como trabalhar avaliação diagnóstica no ensino remoto?
Oi, Elen, tudo bem?
Indicamos utilizar ferramentas de apoio para fazer a avaliação. Temos várias dicas bacanas neste infográfico gratuito: https://conteudo.imaginie.com.br/infografico-avaliacao-diagnostica
É só se cadastrar e baixar. :)
Olá, também é uma questão que gostaria de saber.
Como faço para me cadastrar?
Oi, Cristiane, tudo bem? :)
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