Síndrome de Asperger: como lidar com isso na escola?Leitura de 7 minutos
Você já ouviu falar que personalidades como a ativista Greta Thunberg têm Síndrome de Asperger? Ou que Albert Einstein e outros famosos gênios se encaixam no perfil? Provavelmente sim, mas muita gente ainda não sabe o que isso significa, como afeta o ser humano e, principalmente, como devemos lidar com isso na escola.
É importante entender que a síndrome deve ser trabalhada na escola e em casa desde o primeiro diagnóstico. Os colégios precisam estar preparados para uma educação inclusiva e toda a equipe deve estar alinhada e capacitada.
Quer entender melhor como funciona a Síndrome de Asperger e como adaptar a sua escola? Continue a leitura e compartilhe com a sua comunidade pedagógica:
O que é a Síndrome de Asperger
Provavelmente, você deve saber que a Síndrome de Asperger faz parte do espectro autista. O corretor é dizer que ela é um transtorno neurobiológico incorporado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo considerada uma forma mais moderada de autismo.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) explica que a Síndrome de Asperger afeta o modo como se enxerga o mundo e interage com outras pessoas. Isso quer dizer que a forma de ver, ouvir e sentir o mundo acontece de um jeito diferente.
Diagnóstico
Para diagnosticar a Síndrome de Asperger, é necessário a avaliação de uma equipe multidisciplinar. Os profissionais que podem ser consultados são pediatras, psicólogos, psiquiatras, neurologistas e fonoaudiólogos.
Como não existe um único teste e os sintomas variam de pessoa para pessoa, o diagnóstico muitas vezes acontece tardiamente. Mas, é importante que seja feito para ajudar a família e escola a se comunicarem e trabalharem juntas na jornada educacional da criança.
Inclusão da Síndrome de Asperger na escola
É importante entender que a Síndrome de Asperger é uma condição de espectro. Ou seja, existem sintomas em comum, mas cada pessoa é afetada de uma maneira diferente. Mesmo assim, existem algumas características bastante presentes e que ajudam com o diagnóstico.
Na escola, os professores e todo a equipe devem ter a sensibilidade para entender o comportamento, além de buscar estratégias e ferramentas que auxiliem no estudo e convivência com os alunos.
Veja mais: Educação inclusiva: o que a escola pode fazer a respeito?
Comunicação social
As pessoas que estão no espectro autista costumam ter muita dificuldade em interpretar outras pessoas. Isso significa que eles geralmente entendem somente a linguagem literal, não sustentam contato visual e não conseguem usar ou compreender expressões faciais, piadas e sarcasmos, mudanças no tom de voz e conceitos abstratos.
Por outro lado, quem tem Síndrome de Asperger normalmente possui ótimas habilidades linguísticas. O que dificulta a comunicação é o desafio em compreender os outros, a vontade de somente falar sobre os seus interesses intensamente e repetição do que outra pessoa acabou de dizer, conhecido como ecolalia.
Para ajudar nestes momentos, os professores devem apresentar as atividades visualmente e sempre falar com calma para garantir que foi entendido. Também é importante estimular que outros alunos façam o mesmo. Além disso, o apoio da tecnologia é um diferencial que traz mais recursos didáticos e engajamento.
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Interação
Além da dificuldade verbal, as pessoas com Síndrome de Asperger também costumam não entender os sentimentos e intenções dos outros, além de não conseguir demonstrar suas próprias emoções. Por isso, eles não conseguem fazer amigos facilmente e preferem a sua própria companhia quando se sentem sobrecarregados.
O papel da escola é ter empatia e compreensão. A coordenação e gestores também precisam estar atentos a casos de bullying e incluir no planejamento escolar atividades que estimulem o respeito.
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Interesse focado
É bastante comum que a pessoa com Síndrome de Asperger desenvolva um interesse focado em um assunto específico durante a infância. Isso pode continuar durante a sua vida com bastante intensidade e se transformar de um hobby para uma vocação.
É importante estimular esse interesse, por mais incomum que seja. A fixação em mapas pode criar um grande geógrafo e o amor por plantas pode criar um grande ativista. Utilize esses assuntos para ajudar na compreensão do conteúdo.
Rotinas
As regras e rotina são uma parte muito importante no dia a dia das pessoas com Síndrome de Asperger. É comum elas fazerem sempre o mesmo trajeto, seguir horários rigorosamente ou comer sempre os mesmos alimentos. Também podem acontecer rituais diferentes, como escovar os dentes três vezes. A escola precisa ter cuidado ao propor mudanças e conversar com antecedência para deixá-las confortáveis.
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Sensibilidade
Mais um sintoma comum é a sensibilidade a luz, barulhos, toques, cores ou temperaturas. O barulho do giz em uma lousa, por exemplo, pode ser insuportável para uma pessoa com Síndrome de Asperger. O professor deve ficar atento a esse tipo de desconforto e propor junto a escola soluções para amenizar esses efeitos.
A educação deve sempre incluir, nunca excluir. Isso significa que as necessidades de todos os alunos são consideradas em cada etapa de aprendizagem. Mais do que ensinar, a escola deve ouvir, entender e guiar.
Fontes:
Vittude
Neurosaber
Nova Escola