Aconteceu na Jornada Edu online: roda de conversa com professor e alunoLeitura de 5 minutos
Hoje acontece a terceira edição do ano da Jornada Edu online. Enquanto nos preparamos para uma tarde de conteúdo para gestores, relembre os melhores momentos da última parada com a roda de conversa entre professor e aluno.
Nesse bate-papo, falamos sobre diálogo e colaboração como propulsores da aprendizagem. Convidamos Jayse Ferreira, premiado como um dos 50 melhores professores do mundo, e Larissa Magalhães, aluna de Direito recém-saída do Ensino Médio.
Para deixar a conversa ainda mais rica, contamos com a presença da publicitária Samira Santiago. Na condução, recebemos o Diretor de Educação da Agenda Edu, Jones Brandão, e nossa parceira Emilly Fidelix, professora e criadora do Se, liga, prof!
Se você não conseguiu acompanhar, não se preocupe! O evento está disponível na íntegra e separamos os melhores momentos:
Você também pode conferir alguns dos highlights:
Escuta ativa e empatia na educação
Começamos a conversa falando sobre a importância de escutar o outro para melhorar os processos de aprendizagem. “É impossível conseguir desenvolver uma escuta ativa sem o exercício da empatia. Essa é uma palavra que parece estar muito batida e todo mundo fala, mas sem dúvida é o único caminho para que todo mundo consiga se colocar no lugar do outro e ter a sensibilidade para a escuta”, explica Samira .
O professor Jayse concorda que a sala de aula é um espaço de empatia, onde devemos trabalhar as diferenças. Com a pandemia, ficou ainda mais evidente a necessidade de parar e começar a ouvir o outro, tirando o professor do centro da aprendizagem.
“Com certeza a sala de aula, seja presencial ou virtual, é um momento de compartilhar ideias. Eu mesmo aprendi muito com meus alunos agora na pandemia, muitas plataformas e aplicativos que eu utilizo hoje foram ensinados pelos meus alunos. Então, essa troca acontece constantemente e deveria ser sempre assim. Quando a gente desce desse pedestal de que ‘eu sou o professor, só eu conheço’ e digo ‘não, eu não sei, mas se você me ensinar eu posso aprender contigo’, aí a gente tem essa via de mão dupla acontecendo.”
Protagonismo dos alunos
O professor também ressalta que não existem alunos estimulados se não tiver um professor estimulante. Falar sobre o protagonismo dos alunos parece batido, mas é um assunto que precisa ser revisitado constantemente.
“O papel do professor não é derramar todo o conhecimento, mas instigar o aluno a pesquisar. Uma coisa que eu venho percebendo que funciona muito bem na sala de aula é que quando eu chego e dou o conteúdo todo prontinho, aquilo não estimula a aprendizagem, porque se o aluno já recebeu tudo pronto, qual é o desafio que eu vou ter?”
Professor e aluno sentem isso na pele, principalmente quando os estudantes saem da escola e se deparar com uma nova realidade. A aluna Larissa conta que isso acaba gerando frustrações e é quando percebemos a falta de habilidades que já deveriam ter sido desenvolvidas.
“Quando você chega na vida adulta e vira independente e é você por si só, precisa de um senso crítico. Se você fica só decorando livros e aquela matéria, não vai ter esse senso crítico e vai ser muito limitado. Assim, você não consegue vagas no mercado de trabalho e acaba não ter o mesmo desempenho que tinha na escola e fica frustrado: ‘poxa, eu era tão boa na escola, tirava 10, mas por que eu não consigo um desempenho tão bom agora?’ É porque eu tinha uma visão limitada, na escola eu só tinha a experiência de prova atrás de prova. Se eu tivesse uma experiência como por exemplo uma feira de trabalho em que cada um vai escolher uma profissão e fingir que está exercendo essa profissão, seria muito massa”.
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A tecnologia para professor e alunos
É impossível pensar em educação sem tecnologia desde que tivemos que adotar o ensino remoto presencial. A publicitária Samira Santiago explica que as redes sociais existem desde que os seres humanos habitam a terra.
A diferença é que digitalizamos os processos e a comunicação, virtualizando muitas coisas que sempre vivemos. Além das redes sociais, o próprio celular ainda é visto como vilão por muitas escolas e responsáveis, mas já está mais do que na hora de desmistificar esse problema.
“Uma vez, enquanto estava palestrando, falaram: ‘o aluno está só ligado no celular, não está prestando atenção na aula’. Então vamos para o celular para aprender, eu não vejo mal algum. Essa ideia de que nós só aprendemos na escola não existe, a escola é um ponto de aprendizagem. Eu aprendo na padaria, eu aprendo na praça. É isso que eu acho legal, é você estudar a comunidade onde você está inserido”, conta Jayse Ferreira.
Professor e aluno não poderiam concordar mais. Apesar de ser necessário aprender a dosar o uso, o celular foi um grande aliado para melhorar os hábitos de estudo durante o ensino remoto, como conta a experiência da Larissa.
“Como eu não estava no colégio para tirar as dúvidas com os professores, eu tinha a possibilidade de falar pelo celular e até mesmo tinha muita ajuda no Instagram. Eu seguia muitos perfis que falavam de conteúdos sobre o Enem de maneira simplificada, mapas mentais, joguinhos. Eu baixei jogos do Enem para estudar para a prova. Quando eu não queria mais ficar estudando, lendo e já estava cansada, eu ia jogar. Porque era a maneira que eu encontrava de descansar e aprender.”
Sobre os convidados
Jayse Ferreira
Arte educador com especialização em Psicopedagogia. Venceu duas vezes o Prêmio Professores do Brasil em 2014 e 2017. Em 2019 foi escolhido como um dos 50 melhores professores do mundo pelo Global Teacher Prize.
Larissa Magalhães
Estudante de direito, recém saída da escola básica onde participou ativamente da vida da escola.
Samira Santiago
Publicitária, especialista em Gestão Executiva de Marketing, com atuação em comunicação corporativa e marketing digital. Professora do curso de pós-graduação em Mídias Digitais. Apaixonada por estudar mudanças de hábitos de consumo, comunicação e tecnologia.