Escrevo esse texto ao som da trilha sonora do filme Vida Maria. No dedilhar do violão e no pulsar do tambor, o curta-metragem, com cerca de nove minutos, nos leva à reflexões sobre a vida, o trabalho e o estudo.
A história é de uma menina de cinco anos de idade que se diverte aprendendo a escrever o nome, mas é obrigada pela mãe a abandonar os estudos, começar a cuidar dos afazeres domésticos e trabalhar na roça.
Em poucos minutos de exibição, o curta Vida Maria, denuncia a ausência de escolarização e as condições precárias de vida de várias gerações de mulheres do sertão cearense.
Antes de continuar lendo o texto, peço que assista ao curta-metragem em 3D, lançado no ano de 2006, produzido pelo animador gráfico Márcio Ramos que venceu inúmeros festivais nacionais e internacionais no ano de seu lançamento. Caso já tenha assistido, veja novamente e se permita a ter novos insights sobre o tema.
Reflexões
Veja abaixo alguns pontos de reflexão advindo de uma análise do filme e do texto de Gilmara Boas – publicado no Portal da Educação – que traz uma síntese do filme com o planejamento educacional.
A Maria do filme mostra satisfação em apenas escrever seu primeiro nome, o momento em que sua mãe lhe chama a atenção dizendo: “Não perca tempo “desenhando” seu nome!”, é tirado o seu futuro de ser uma pessoa diferente de sua mãe, que não tem uma visão do futuro, querendo dar à filha a mesma criação que teve num processo de reprodução sem mudanças de suas perspectivas por comodismo.
O objetivo do filme é mostrar que essa realidade existe e que a vivenciamos no dia a dia e que devemos procurar construir um futuro melhor.
Buscando qualidade de vida e não se acomodar, mais sim refletir sobre as condições de vida que estamos construindo e que devemos provocar e forçar uma mudança de atitude denunciando a ausência de escolarização e as condições precárias de vida de várias gerações nesse nosso Brasil, principalmente no nordeste.
É preciso preparar o planejamento, acompanhar e revisar para que haja transformação da estrutura a partir do que existe, do possível, do oportuno, incluindo todas as possibilidades da realidade existente e da realidade desejada.
Para que ocorra mudança no modo de vida de sociedades que insistem em reproduzir uma estrutura na qual estão condenados ao comodismo pela relação causa-efeito, objetivando mudança de suas perspectivas de vida para que possa sanar essa reprodução de valores ultrapassados.
Quero refletir com vocês sobre um ponto importante nessa história. “Vida Maria” traz um final bem duro para um coração sensível e uma mente inquieta. Maria José, a pequena no início do filme que é tolhida na sua paixão pela escrita, não consegue quebrar o círculo vicioso no qual foi inserida. Ela repete as atitudes da sua mãe que, por sua vez, repetiu também o que aprendeu.
Fazer com que Marias não repitam atitudes nocivas como as representadas no filmes é o que fará que outras “Marias” escrevam finais diferentes desse.
Para o filósofo Mário Sérgio Cortella, um das principais referência em educação no Brasil, somos a primeira geração que testemunha mudanças de paradigmas tão velozes. E é natural que os pais e responsáveis se sintam perdidos. Então, afinal, qual o segredo para não ficar ultrapassado na educação dos filhos?
“A novidade não é a mudança no mundo, é a velocidade da mudança.” Foi assim que Cortella, professor há 42 anos, pai e avô, abriu a palestra Novos Tempos, Novos Paradigmas, que aconteceu em São Paulo, há dois anos atrás.
Diante de uma plateia hipnotizada pelo vozeirão que ele tem e pela naturalidade em tratar temas complexos sem firulas, ele deixou claro que o grande desafio da atualidade é acompanhar as transformações para não ficar para trás.
É sim, estamos vivendo um tempo de reviravoltas sem aviso prévio: na tecnologia, no trabalho, nas relações. Nesse contexto, Cortella afirma que mudar não é apenas imprescindível, mas inevitável. Principalmente quando se fala em educação.
A proposta é, realmente, que os responsáveis façam um Upgrade. Entender que “Não basta ser pai, tem que se atualizar” para acompanhar as mudanças e dar uma educação de mais qualidade às crianças. Estudamos para muitas coisas na vida.
Iniciamos bem cedo a vida escolar. E concluir o ensino médio ou a faculdade, não significa “terminar os estudos”. É preciso seguir estudando e para ser pai não deve ser diferente. É preciso preparo para não agir apenas instintivamente, repetindo o que aprendeu. Pois isso, não significa que o que aprendeu funciona hoje.
O papel dos pais e responsáveis no uso das tecnologias
Trazemos um plano aula elaborado por Cláudia Mogadouro e publicado no Portal NET Educação. Nele você terá alguma possibilidades de trabalhar o filme em sala de aula. Mais uma vez a tecnologia e a escola dão as mãos para uma educação mais humana e reflexiva.
O plano de aula foi desenvolvido para alunos do fundamental II e ensino médio. Propõe a reflexão sobre conceitos – trazidos por “Vida Maria” – de protagonismo e cidadania; trabalho infantil (principalmente nas regiões rurais); recursos de linguagens na animação gráfica, entre outros.
Trazendo conteúdos ricos sobre alfabetização, cidadania, planejamento familiar, gravidez precoce, condição da infância no Brasil, direitos das crianças e adolescentes entre outros temas importantes para aumentar repertório dos alunos e análise crítica.
Em uma das propostas do material, chamada de “Oficina dos Sonhos”, a ideia é fazer com que os alunos planejem seu futuro. Para essa construção eles, em grupo, compartilham seus sonhos (por mais utópicos que pareçam), discutem sobre os recursos necessários para realizá-los.
Ainda listam e refletem sobre os impedimentos possíveis e, desta forma, são motivadores para a construção do seu futuro, através de desafios e planejamento. O objetivo é que, ao contrário da Maria do filme, eles possam traçar seus próprios destinos.
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excelente analise do video