A cada dia milhares de estudantes se propõem deslocar dezenas de quilômetros para irem à escola. O que diariamente pode motivar os alunos?
No esporte, a maratona é uma das provas mais árduas para os atletas. Eles precisam correr por uma distância de 42 km e bater todos os seus concorrentes, para vencê-la. Esses atletas de alto rendimento são expostos a treinamentos exaustivos que levam ao limite da preparação física e psicológica para alcançar esse objetivo. Mas e se essa meta for “aprender”?
Pelos quatro cantos do Brasil, milhares de estudantes percorrem a mesma distância, a cada semana, para irem à escola. Não importa se está frio ou calor, chovendo ou fazendo sol, e lá estão eles. Mas o que os motiva? E o que fazem as escolas para se tornarem atraentes a esses alunos, de modo que não desistam desse esforço para se sentarem na sala de aula todos os dias?
Dia após dia, diretores educacionais e supervisores, assim como os professores, são colocados diante do desafio de atrair e mobilizar todo esse contingente de alunos. Eles já entenderam o que se tornou uma constatação:
Alunos conscientes do ambiente onde estão inseridos, geralmente tornam-se mais engajados e emocionalmente conectados a ele, permitindo que possam identificar situações onde podem ajudar e isso é fundamental para que se abram à experiências de aprendizagem significativas para o crescimento de suas comunidades.
É dessa constatação que se pode extrair a ideia de uma pedagogia mais transformadora e, portanto, uma aprendizagem baseada em habilidades socioemocionais que também funciona como ímã entre a escola e os alunos.
É evidente que outras questões, como meio de transporte e infraestrutura, contam ponto, mas é principalmente a maneira como as escolas lidam com o processo de aprendizagem que pode fazer a diferença.
Segundo a UNESCO, a chamada pedagogia transformadora é aquela que facilita a reflexão crítica dos estudantes sobre os seus diferentes contextos, crenças e valores, mediante espaços de análise e de apreciação da própria diversidade.
Como se pode perceber, uma boa escola vai muito além de ter um bom espaço físico e uma grande quantidade de atividades extracurriculares.
Mais importante é que ela saiba construir experiências educacionais que estimulem as aprendizagens, os valores, as atitudes e emoções dos seus alunos. Somente dessa maneira eles poderão, de fato, se tornarem membros ativos das suas comunidades.
Ser empático, apreciar e respeitar a diversidade, construir relações e ter um compromisso social, são competências cada dia mais cobradas nos diversos níveis da sociedade.
Quanto maior for a habilidade dos alunos em dominar essas competências, maior o sucesso que poderão obter no futuro. E os próprios estudantes parecem perceber isso na medida em que são colocados diante de desafios reais.
Aos diretores e professores, portanto, cabe desenhar a escola de modo a torna-la cada dia mais desafiadora e, com isso, mais atraente aos olhos dos estudantes. O que move alguém a empreender uma maratona para ir à escola é, no fundo, o compromisso por transformar a sociedade em um lugar melhor para se viver. Não é mesmo?
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