Transtornos alimentares, como identificar no ambiente escolar e como dar assistênciaLeitura de 8 minutos
Que cada um deve cuidar de sua saúde com uma alimentação equilibrada e praticando atividades física, isso todo mundo sabe, mas e quando a busca pelo “corpo perfeito” se torna o único objetivo, custe o que custar, inclusive a saúde?
Há anos sabe-se que transtornos como bulimia e anorexia são vilões da vida real que podem começar ainda na infância e se não tratados com a devida cautela, podem até levar à morte.
Os transtornos acima citados são os mais conhecidos, mas não os únicos e consistem no seguinte, a bulimia é caracterizada por uma ingestão compulsiva de comida seguida de ações compensatórias como forçar o vômito, ingestão de laxantes ou diuréticos, praticar atividades físicas em excesso com o objetivo de controlar o peso. Alguns dos sintomas da bulimia são:
- Dor de garganta
- Problemas nas glândulas salivares, como inchaço na região do pescoço e da mandíbula
- Erosão do esmalte dentário devido ao ácido do estômago, em decorrência dos vômitos
- Descomodidade intestinal e irritação devido ao abuso de laxante
- Desidratação grave da purga de fluidos
- Desequilíbrio de eletrólitos (níveis muito altos ou muito baixos de sódio, cálcio, potássio, entre outros)
- Sangramento retal, quando utilizado laxantes
Já a anorexia consiste na distorção da imagem que pessoa tem de si mesma, ou seja, a pessoa se vê no espelho com muito mais gordura do que realmente ela tem, o que lhe faz mudar totalmente de hábitos. Ao contrário da bulimia, a anorexia não tem compulsão alimentar, o objetivo é perder gordura que imagina ter de forma rápida e sem medir esforços.
Assim, a pessoa adere a dietas mirabolantes, sem qualquer ajuda profissional e repletas de restrição. O problema maior é que a pessoa que sofre de anorexia nunca estará satisfeita com sua imagem, e isso poderá levar a sua saúde a um estado comprometedor ou, na pior das hipóteses, à morte. Alguns dos sintomas da anorexia são:
- Peso corporal extremamente baixo (perda de massa e gordura)
- Restrição alimentar severa
- Falta de vontade para manter um peso normal e saudável
- Preocupação em não ganhar peso
- Distorção da imagem corporal
- No caso das mulheres, inibição do ciclo menstrual.
- Gastrite
- Descamação e pele seca
- Hipotermia
- Anemia
Como dito anteriormente, embora esses sejam os mais conhecidos não são os únicos, razão pela qual deve-se manter os olhos bem abertos para que não se deixe confundir vaidade, cuidado com o corpo e saúde com transtorno alimentar. É o caso da vigorexia que diz respeito também a distorção da própria imagem, no entanto ao contrário da anorexia, na vigorexia a pessoal se enxerga fraca, magra e pela busca de músculos utiliza métodos extremos de treinos físicos, faz ingestão em demasia de suplementos alimentares e, na maioria dos casos, faz uso de anabolizantes.
Diferentemente da anorexia e bulimia, a vigorexia é mais comum em pessoas do gênero masculino. Alguns de seus comportamentos são:
- Preocupação exagerada com alimentação e rotina de treinos
- Distorção da autoimagem
- Tendência a automedicação
- Abuso de esteróides, cirurgias plásticas desnecessárias,
- Em raros casos, tentativas de suicídio.
Outro transtorno alimentar que deve ser mencionado é a compulsão alimentar, nesse caso a pessoa come exageradamente mesmo sem sentir fome, não há controle do que se come e não se verifica comportamento compensatório. O risco nesse caso é a obesidade ou sobrepeso, além de doenças como diabetes, colesterol, hipertensão, etc.
Nota-se que a anorexia e bulimia são mais comuns em meninas, a nutricionista e parceira da Agenda Edu, Joana Dayse (CRN: 20194/P), esclarece porque: “Infelizmente meninas são mais cobradas pela sociedade a terem um corpo perfeito e isso gera uma preocupação maior relacionada a estética.” Joana explica ainda que alguns dos fatores que podem favorecer o desenvolvimento de transtornos alimentares são os maus hábitos alimentares, questões hormonais e distúrbios emocionais.
Questionamos à Joana como a escola pode identificar que a criança/adolescente esteja lidando com algum desses transtornos e como a escola pode ajudar. “É fundamental que sejam realizadas palestras, rodas de conversas e que haja a presença de profissionais que estudem e trabalhem o tema na escola. A melhor forma de prevenir é discutir sobre o tema com o público alvo, levando em consideração sempre a faixa etária e nível de escolaridade.” Respondeu.
Joana afirma que família e escola podem sim atuar juntas contra esse problema, para tanto é preciso que ambas ajudem a criança/adolescente a reconhecer que precisa de ajuda. Ao identificar o problema, faz-se necessário o encaminhamento para os cuidados promovidos por uma equipe multidisciplinar (médicos psiquiatras, psicólogos e nutricionistas). Esse acompanhamento ajudará a definir o melhor tratamento terapêutico a ser utilizado em cada caso.
Os digitais influencers
Vale ressaltar que as redes sociais também podem influenciar o desenvolvimento desses transtornos, isso porque o que mais se vê são pessoas com corpos esculturais e quase sempre associando uma vida feliz a um corpo sarado.
Com a missão de quebrar esse tabu algumas digitais influencers seguem na direção contrária, exibindo corpos não sarados, mas saudáveis e com mente sã. É o caso da Mirian Bottan (@mbottan) que desde sua infância sofreu os impactos de uma sociedade machista, onde o valor da mulher quase sempre está associado à sua beleza e sua beleza associada à magreza. Se você também é fã de pessoais reais, é um perfil que vale à pena seguir, lá ela conta como foi sua trajetória com a bulimia e como fez para trocar o “projeto verão” pelo “projeto vidão”.
Outro perfil que vale a pena seguir é o da Diana Garbin (@garbindiana), jornalista que passou anos sofrendo de transtornos alimentares, mas que ao conseguir vencê-los fez disso sua missão para levar sua história e ajudar muitas pessoas. A jornalista é autora do livro “Fazendo as pazes com o corpo” e dona do canal EuVejo no Youtube.
Cuidar do corpo e da saúde é necessário, mas isso não pode virar um problema para sua mente. Portanto, antes de seguir a dieta do momento, procure ajuda de um profissional para que ele possa elaborar um plano alimentar para você, de acordo com o que você precisa.
Se você percebeu que apresenta alguns dos comportamentos acima citados, um psicólogo o ajudará a lidar com a situação da melhor maneira possível. Se você conhece alguém que pode está sofrendo com alguns desses transtornos, ajude-o. Não o faça sentir vergonha por está lidando com isso, seja apoio.