Ensine como uma mulher: os desafios das professoras e educadoras

No Dia Internacional da Mulher, queremos refletir sobre os desafios das professoras e educadoras que transformam a educação. Seja no Brasil ou em qualquer lugar do mundo: ensine como uma mulher!

Uma grande parte das pessoas associa sua educação no Ensino Infantil às “tias”, aquelas professoras queridas que não só ensinavam, como também assumiam o papel de cuidar dos alunos. 

Mas, por que só costumamos ver mulheres nesse segmento educacional? E por que no Ensino Médio o número de professoras tende a diminuir e o de professores aumentar? Onde estão as educadoras em cargos de liderança e como está a sua rotina do ensino remoto? 

Os desafios das professoras

A figura da mulher sempre foi vista na sociedade como de mãe, zelosa, cuidadora. Por muito tempo, seu único objetivo de vida era esse: casar, ter filhos e cuidar da família. 

O trabalho da mulher se restringia ao de dona de casa, sem possibilidade de uma jornada no mercado de trabalho. Mas, mesmo com tantos avanços na luta feminina pela igualdade, ainda existem diversas barreiras.

Na educação, muitas vezes as professoras só conseguem se destacar na Educação Infantil, já que ainda existe o estereótipo de que a mulher sabe cuidar melhor do que um homem. 

Mas, é importante lembrar que o gênero não implica no melhor desempenho do trabalho. Homens e mulheres são igualmente capazes de ensinar, independente da idade dos alunos.

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Confira alguns dos principais desafios das professoras e educadoras e algumas dicas para aplicar na sua escola. 

Preconceito de gênero

Como já foi dito, as mulheres são extremamente valorizadas no ensino infantil, já que ainda são associadas à figura da mãe que cuida. Mas, é preciso entender que o papel da professora é, antes de tudo, ensinar. 

A escola precisa fazer um trabalho conjunto com as famílias para mostrar que a educação na instituição de ensino é um complemento da educação em casa. A professora não pode ocupar o papel de mãe nem carregar essa responsabilidade. 

Não podemos propagar o pensamento de que as mulheres são mais zelosas, cuidadosas e atenciosas. Esses estereótipos ajudam a reforçar o papel da professora como cuidadora. 

Entretanto, não podemos esquecer da importância da afetividade na Educação Infantil. Ela deve continuar presente, mas não exclui os professores de precisar reforçar essa característica. 

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Já no Ensino Médio, o problema vira ao contrário. Costumamos ver muitos professores e poucas professoras. Essa semente foi plantada no início, no ensino infantil, quando acreditamos que as mulheres são melhores nesse segmento e os homens são melhores em conteúdos aprofundados. 

A escola deve ter um olhar cuidadoso para esta questão. Calcule como está a diferença de gênero na sua instituição e reflita sobre porque isso acontece. É preciso que a coordenação esteja alinhada com o setor de Recursos Humanos para garantir que todos tenham a mesma oportunidade de qualificação.  

Jornada dupla

Uma das grandes dificuldades das professoras e educadoras é a jornada dupla. Depois de trabalhar, muitas vezes em dois ou três turnos, ainda têm toda ou quase toda a responsabilidade de educar os filhos. 

Além disso, também costumam ser as responsáveis pelo trabalho doméstico, ou seja, cozinhar, limpar, lavar roupa e muito mais. Isso resulta em uma rotina exaustiva que sobrecarrega as mulheres. 

Para solucionar este problema, precisamos olhar para toda a estrutura da sociedade patriarcal. Isso deve começar na própria escola, ensinando desde cedo sobre a necessidade da igualdade de gênero. 

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É extremamente importante educar meninas para serem capazes de assumir cargos em diferentes áreas de atuação e entender que não devem se responsabilizar pela maternidade sozinhas. 

Ao mesmo tempo, os meninos devem aprender que não estão em posição de superioridade em nenhum momento. Eles devem se tornar pessoas funcionais e capazes de assumir responsabilidades por si mesmos, sua casa e família. 

Desafios das professores no ensino remoto

Durante a pandemia do coronavírus, as escolas foram obrigadas a fechar as suas portas e implantar o ensino remoto emergencial. Todos foram pegos de surpresa e os professores tiveram que se adaptar a um novo modelo de ensino e aprender sobre ferramentas.

Além de ser um período de ansiedade e estresse, a jornada aumentou ainda mais. As horas de trabalho se estenderam, já que em casa o tempo de trabalho se mistura com o tempo de lazer. 

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Além disso, as professoras precisam muitas vezes ensinar os alunos e os filhos ao mesmo tempo, já que todos estão em casa. Isso causa ainda mais cansaço e sobrecarrega as profissionais mulheres muito mais do que os homens. 

O papel da escola deve ser garantir capacitação para as educadoras, respeitar o seu tempo e espaço, oferecer assistência psicológica e encontrar soluções para otimizar o trabalho de forma responsável. 

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Dificuldade em alcançar cargos de liderança

Um dos maiores desafios das professoras e educadoras é conseguir alcançar cargos de liderança. Muitas vezes, vemos apenas homens ocupando o lugar de coordenadores, gestores e diretores. 

Por que isso acontece? Infelizmente, este é um problema que atinge todo o mercado de trabalho. A taxa de mulheres líderes é muito inferior, além de existir diferença no pagamento, casos de assédio moral e sexual e um ambiente de competição entre os gêneros. 

Hora de calcular mais uma vez: qual é a taxa de liderança na sua escola? Quantas mulheres já receberam promoção? Por que elas não estão conseguindo subir na sua carreira? 

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Por outro lado, quando elas chegam ao cargo de liderança, muitas vezes não são respeitadas pelos colegas, gestores e até mesmo pelas famílias. Por isso é tão importante que seja feito um trabalho de reeducação que promova o respeito na escola. 

Invista em capacitação e formação continuada entre as suas professoras. Entenda o perfil de cada uma e valorize o seu trabalho, pense em estratégias para garantir oportunidades iguais para todos os educadores. 

Para ensinar sobre igualdade, a escola também deve colocá-la em prática. Aproveite o Dia Internacional da Mulher para fazer mais do que homenagens e presentear flores, pense em ações que sejam realmente efetivas para valorizar as professoras e educadoras.