Danielle Gonzaga
Pedagoga e analista de engajamento da Agenda Edu
De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil, a educação é um direito de todos e dever do Estado. Falar sobre isso implica pensar na democratização de todo e qualquer espaço, inclusive o escolar, que tem o papel de não somente inserir diferentes tipos de público em um contexto de Educação Institucionalizada, mas garantir sua permanência e recursos que apontem para a efetividade dessa experiência. Nesse sentido, que tal batermos um papo sobre a inclusão escolar de pessoas com TDAH?
O Brasil passa a contar com a Semana Nacional de Conscientização sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), realizada na primeira semana de agosto de cada ano com o objetivo de sensibilizar a população sobre a relevância do diagnóstico e tratamento do transtorno, bem como a necessidade de inclusão da pessoa com TDAH em diferentes espaços e contextos (lei 14.420, publicada no Diário Oficial da União).
Quer saber mais sobre o TDAH? Pois pega teu café e vem com a gente!
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) define como TDAH “um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento” podendo ser caracterizado por desatenção ou hiperatividade e impulsividade de acordo com os sintomas que o sujeito apresentar nos primeiros seis meses de vida.
Observação MAIS que essencial: Os sintomas NÃO são apenas uma manifestação de comportamento opositor, a famosa “birra”, ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções.
São critérios diagnósticos do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade:
Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto significativo nas atividades sociais e escolares:
a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em diferente tarefas;
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente;
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares;
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;
f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado;
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades;
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos.
Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto significativo nas atividades sociais e escolares:
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira;
b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado;
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado (em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude);
d. Com frequência tem dificuldade de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente;
e. Com frequência se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo;
f. Frequentemente fala demais;
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída;
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez;
i. Frequentemente pode tentar assumir o controle sobre o que outros estão fazendo).
O diagnóstico é emitido a partir da observação desses elementos no comportamento da criança a partir da validação deles em dois ou mais ambientes (em casa e na escola, por exemplo), e de evidências que esses “sintomas” interferem negativamente no funcionamento social do sujeito.
Dificuldade de aprendizagem: como ajudar os alunos a contorná-la?
O TDAH apresenta diferentes subtipos:
Além disso, o TDAH pode apresentar diferentes graus, variando entre leve e moderado, se enquadrando no grupo dos transtornos de neurodesenvolvimento e se manifestando em uma fase que, por vezes, antecedem a escolar, e podem impactar as relações sociais, afetivas, acadêmicas ou profissionais, persistindo na vida adulta.
Considerando-se essas características, é certo que a rotina escolar em seu formato tradicional, com diversas atividades escritas, poucos exemplos concretos e aulas predominantemente expositivas, dificulta a imersão da criança com desatenção nesses espaços. A complexidade em cumprir normas estabelecidas, bem como manter o foco em atividades de longa duração podem gerar situações de desgaste e frustração pela criança, por não conseguir acompanhar os desafios propostos pelo corpo docente.
Cabe à instituição escolar planejar adaptações que possam garantir a inserção e a inclusão desse grupo em ambiente regular, assegurando condições para a permanência e para o seu desenvolvimento integral, considerando que a aprendizagem não ocorre simplesmente pela “transmissão” de informações, mas do resultado de um processo de construção interna, a partir da interação com o meio.
Conhecendo a dificuldade de aprendizagem e o papel da escola
☁️ E na Semana Nacional de Conscientização sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade te convidamos a pensar: que práticas pedagógicas você implementa para favorecer a inclusão de crianças com TDAH ou qualquer outro tipo de especificidade?
Compartilhe suas experiências aqui nos comentários. Vamos criar uma grande rede de acolhimento e inclusão escolar.
Fontes:
Sancionada Semana de Conscientização do TDAH Fonte: Agência Senado
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