Por muitas décadas essa pergunta se fez presente na vida das crianças e jovens. Será que ela ainda faz sentido nos dias de hoje?
Quem nunca ouviu isso quando criança levanta o dedo. Não posso ver o leitor mas imagino que quase ninguém se movimentou. É que a maioria das pessoas desde muito cedo foi questionada a esse respeito, de uma forma ou de outra, não é mesmo?
Alguns pais chegaram mesmo a tentar influenciar as respostas, vislumbrando seus filhos segurando diplomas de engenheiro ou suas filhas se formando em medicina.
Acontece, entretanto, que as respostas recebidas nem sempre eram aquelas que os adultos queriam ouvir. Naquela tenra infância havia coisas mais bacanas a fazer, como ser motorista de caminhão ou astronauta.
Fazer vestidos ou consertar bicicletas também eram boas coisas a se pensar, pois pareciam bem úteis. Ser um super herói então estava no topo da cadeia alimentar…
O fato é que, enquanto adultos, prestamos um grande desserviço aos jovens ao perguntar a eles qual o caminho profissional irão trilhar daqui 10 ou 15 anos, pois até mesmo às vésperas de concluir o Ensino Médio essa é uma questão difícil de ser respondida. E há razões para isso.
Em primeiro lugar a falta de maturidade. Forçamos as crianças e jovens a se posicionarem em relação ao trabalho que irão desempenhar, sendo que a maioria deles nunca experimentou a vida profissional e o ambiente de uma organização. Quando muito jovens ainda não conseguimos entender a profundidade da escolha.
Outro fator, muito atual, está presente em qualquer segmento social e econômico: Não sabemos ao certo quais as profissões ainda estarão de pé, quando chegar o momento da escolha. Vemos a tecnologia e a inovação alterando todas as áreas onde o trabalho humano está presente, criando novas ocupações e extinguindo outras.
Nesse sentido, mesmo os jovens que tenham a sorte de se deparar com um chamado, poderão escolher uma carreira que não seja viável ou que sequer existirá.
O fato é que a busca por uma definição cedo demais só aumenta a sensação de ansiedade, deixando os alunos se sentindo perdidos e confusos. Além disso, muitas paixões de carreira não pagam as contas, e muitos deles simplesmente não têm talento.
Como Tim Urban escreve, “a felicidade é a realidade menos as expectativas”. Talvez alguns poucos possam ser o que quiserem ser, mas e as centenas de outros? Em muitas situações, portanto, se o jovem está procurando por felicidade ele ficará desapontado, pois as carreiras raramente correspondem aos seus sonhos de infância.
Assim sendo, em vez de pintar uma imagem otimista de uma profissão, é melhor ser realista. Ao invés de perguntar a uma criança o que ela vai ser quando crescer, melhor será convidá-la a pensar sobre que tipo de pessoa quer ser – e sobre todas as coisas diferentes que pode querer fazer.
Incentivá-la a sonhar, mas mantendo os pés no chão, é um bom caminho para que não caia na armadilha de reivindicar uma identidade de carreira que talvez nunca possa alcançar.
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